Com informações do Blog do Márcio Rangel
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca neste domingo (21) para Nova York, onde fará o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU na próxima terça-feira (23). A viagem ocorre em meio a uma tensão crescente entre Brasil e Estados Unidos, alimentada por críticas à política tarifária do presidente americano Donald Trump e à postura da Casa Branca diante da condenação de Jair Bolsonaro pelo STF. Esta será a primeira visita de Lula aos EUA desde que Trump impôs uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, o que o governo brasileiro considera uma retaliação velada ao julgamento do ex-presidente.
O discurso de Lula, que ainda está sendo finalizado, deve trazer recados indiretos a Trump. O Planalto pretende defender a soberania nacional, criticar as tarifas impostas e reafirmar a independência do Judiciário brasileiro, em especial no caso Bolsonaro. O tom será firme, mas diplomático. Além disso, o presidente deve abordar temas recorrentes de sua política externa, como preservação ambiental, financiamento climático, a defesa do multilateralismo e a necessidade de reforma na estrutura da ONU. A COP30, que será sediada no Brasil em 2025, também deve ser mencionada com destaque, assim como os conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza — neste último, Lula promete cobrar esforços por um cessar-fogo.
Durante a estadia em Nova York, Lula participará de eventos paralelos com líderes internacionais. Na segunda (22), ele estará em uma conferência sobre a guerra em Gaza, convocada por França e Arábia Saudita, e na quarta (24) comandará, ao lado de Gabriel Boric (Chile) e Pedro Sánchez (Espanha), o evento “Em Defesa da Democracia”. A comitiva presidencial inclui ministros como Marina Silva (Meio Ambiente) e Mauro Vieira (Relações Exteriores), mas teve baixas: o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, desistiu da viagem após ter a circulação restrita nos EUA — o governo americano já havia cancelado o visto da esposa e da filha dele. A expectativa é que Lula e Trump se cruzem nos corredores da ONU, ainda que discretamente, o que pode simbolizar o auge da atual tensão diplomática entre os dois países.